

PROJETO CRYPTOBOOKS
Título:
CRYPTO-BOOKS. Recriação das bibliotecas reais portuguesas na Baixa Idade Média e no início da Idade Moderna. Uma nova abordagem à cultura literária de corte em Portugal e às suas interseções com a Europa.
Acrónimo:
CRYPTO-BOOKS
Referência:
2022.06890.CEECIND
​​Resumo:
A era digital evoca a ideia de universalidade, permitindo a troca de ideias numa escala sem precedentes. Como a recente pandemia demonstrou, o acesso aos livros está cada vez mais interligado às tecnologias de informação e é essencial para garantir uma educação inclusiva e promover oportunidades de aprendizagem. No meio do intenso debate sobre a urgência da chamada transição digital, à qual a União Europeia está ativamente comprometida, nunca foi tão premente discutir a disponibilização de recursos textuais e históricos em formato digital. Assim, o projeto CRYPTO-BOOKS enfatiza as humanidades digitais para melhor compreender as obras literárias dos séculos XIV e XV.
A dinastia de Avis contribuiu significativamente para um importante influxo cultural na corte portuguesa, mas os estudos dedicados à história do livro no contexto da segunda casa real portuguesa são escassos, parciais e desatualizados, focando-se sobretudo na inventariação bibliográfica, sem prestar a devida atenção ao seu enquadramento histórico. As bibliotecas de Avis nunca foram analisadas em profundidade, muito menos como parte de um sistema integrado, útil para esclarecer um conjunto de relações políticas e culturais transeuropeias que conectavam as casas reais.
O projeto propõe-se a resolver quatro questões centrais: (i) recriar a composição das bibliotecas da família Avis; (ii) estudar a cultura literária da corte portuguesa, nomeadamente as práticas de leitura e de educação; (iii) compreender as conexões literárias entre as sociedades cortesãs europeias; e (iv) analisar a produção literária da dinastia de Avis, incluindo a autoria feminina. A ideia central é investigar a cultura literária da corte portuguesa no contexto europeu, através da construção de uma cripto-história do livro, isto é, atribuindo materialidade a obras perdidas, das quais restam apenas informações fragmentadas.
O principal fator inovador do projeto reside na análise das bibliotecas de Avis (i) como um todo; (ii) numa perspetiva comparativa e conectada; (iii) garantindo o acesso livre e integral à informação; (iv) com base num censo inédito; (v) considerando-as como o produto de estratégias acumulativas, guiadas por interesses políticos, culturais e sociais, mas também como resultado de processos orgânicos; e (vi) inserindo-as no quadro de uma mais ampla comunidade europeia de leitores.
Os resultados esperados incluem: (i) estudar os livros na perspetiva da produção, circulação e receção dos textos, tendo em conta o ambiente cultural, social e político europeu, marcado pela difusão inicial do humanismo; (ii) delimitar o campo da cultura literária da corte portuguesa, considerando a educação das elites; (iii) comparar a realidade cultural da corte portuguesa com Castela, Aragão, França e Itália, onde a circulação cultural e bibliográfica foi particularmente ativa; (iv) compreender a singularidade do caso português, protagonizado por uma dinastia fundada e continuada por reis e príncipes escritores e bibliófilos; e (v) valorizar o património bibliográfico português como um legado cultural de grande importância.
Palavras-chave
História do Livro | CRYPTO-BOOKS | Humanidades Digitais | Cultura Literária de Corte | Circulação de Ideias e Conhecimento